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sábado, 5 de setembro de 2009

Lembranças do sertão

Lembro meus passos infantis no sertão
Os rastros desses dias estão em toda parte
Era mula carregando a cana-de-açúcar
Lá para as bandas do riacho um canto de sabiá
A algazarra dos meninos, junto a mim no melado
Passeando dentro de meu coração, o nascer do dia
Horas proseando com um sertanejo na mata seca
No encalço de pasarinhos baladeira à mão
Pulando uma cerca em busca de melancias
No entardecer, ocupando os olhos no cerrado
Depois, à noitinha, com minha avó à Ave-Maria
Quando falo hoje do sertão é com saudades...

Uma flor exalando sexo

Abre-se ao dia. Um céu azul a sua frente.

Nuvens sugerindo animais (:) um coelho, um anum, borboletas...

Há um encontro do vento nas pétalas.

Ri-se deliciada. Refrescante brisa a beijar-lhe. Embriaga-se. Sente-se uma poesia.

Aos poucos vai inalando os cheiros a seu redor.

O mato verde transpira perfumes silvestres: mameleiros, jatobás, pequizeiros, canelinhas.

Folhas cantam em movimentos harmoniosos em sua trajetória solar.

Dão-lhes satisfação. Pelo chão, germina vida.

Perto do entardecer, sente-se feliz. Sabe que virão as estrelas e lua a lhe versejar.

Há namoro no ar. Limita-se a contemplar o pôr-do-sol.

Em suave cumplicidade retoma um pensamento de poeta:

Visualiza o tigre alaranjado ao cair da tarde.

Agora é visitada. No corpo, novos sons: Sbip... Sbop... Sbip... Sbop!

Em suas digressões não havia percebido o sobrevoo da abelha em apaixonado pouso em seu estigma.

Aberta ao findar do dia é uma flor exalando sexo. Terna, deixa-se polinizar.

A borboleta

Beija o sol dança

Entre os raios multicores

Vai e vem como uma folha ao vento

Vrá... Vrá... Vrá! Vou lá!

Murmura a borboleta- menina

Branca para no ar fascina

A flor... Então senta

Conversa toma café

Olá! Que aroma delicado!

Ensaia um novo gracejo

Já com as asas abertas...

Belo é teu olhar... No ar!

Hum! O sol já me queima

Não há como ficar...

Outro jardim pede por mim...

Plim... plim... plim!

Ah! Esse lugar é próprio a amar!

Que faço se só sei borboletear?

Beija as pétalas e sai a voar...

Hora de poesia

Nuvens carregadas

De repente o vento forte (:)

Chuva no sertão