Quadro do sertão

A vasta planície

Abre-se verde na roça

Ao romper do sol

Num calçadão largo

As mãos do camponês deitam

Vagens do feijão

As acanhadas mocinhas

Por detrás dos olhos

Espiam o namorado

E na singeleza

Da cena rende-se a mata...

(Do sertão) V

Por trás da faveira

Numa rede à varanda

Dorme o sertanejo

Tardes de verão

Palmeiras ao vento

Um sol que desmaia frio

(:) Tarde de verão!

Saudade de amor

Explica-me, meu coração

Como fico assim gritando nesta saudade

Assim me abrasando de vontades

De me embriagar nos perfumes de meu amado?

São meus seios cristãos botões dos lábios dele

Em abrasados chamados neste instante

De se unir à sua ardente língua e gemer de prazer!...

Explica-me, meu coração

Como febril meu corpo pode dormir

Quando toda eu sou um acorde de amor?

Ah, entre bocas de gemidos está minha pele!...

E soluçam-me em fósforo aceso meus olhos

Enroscados nos lençóis frios... chamando a imagem dele!

Talvez seja porque fala a voz amada em meu pensamento

Quando um luar alaranjado se descobre na noite

Tomando meu corpo em ânsias de amor!...

A rosa e o mar

A rosa beijava A areia, com o coração Nadando às ondas!...

Brincando de azul

Flores cianóticas

Brincam de (ser) borboletas - Azulam os olhos

(Do sertão) IV

Amarelo-ouro O ipê em ramos nus de folhas Aflora em agosto!...

(Do sertão) II

Em brasas a areia

Incendeia a sola dos pés

Do céu do sertão

(Do orvalho da noite)

A lua cogita Da flor em choro nas pétalas (:) _ Orvalho da noite!...

Carnaúba

Paralela à base

Içando touceira verde

Troncos exalando

Folhas arqueadas

Sombreando o Piauí

Num verde-brilhante

Em leques abertos

Ao sol pleno do sertão

Vive a Carnaúba!

(Do sertão)

Vermelha no alto

Livre ao vento tal botão

(: A flor da faveira)

Pela manhã, um sol me veio em dourados raios contar do dia... Eu bem sabia que seria quente como em todo o Piuaí; porém senti que o calor maior seria dos versos amigos que teria de cada visitante!

Então meu coração se abriu com o sol!...

Meu carinho a todos.